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segunda-feira, 4 de junho de 2012


Um dia desses, estava chegando no prédio onde trabalho e logo no saguão avisto dois jovens conversando sobre profissões.


Eu, enquanto aguardava o elevador, que mais parecia inexistente de tão lerdo, ouvia o garoto perguntando pra garota, o que ela queria cursar na faculdade, já que este ano prestariam vestibular.
Ela dizia que ainda não sabia, mas que pensava em Ciências Biológicas, Administração ou Jornalismo. Para justificar a última opção, ela havia dito que "gostava muito de falar", por isso acreditava que jornalismo seria uma boa.
            E na minha cabeça, ávida pelo questionamento, queria saber de onde havia saido uma resposta tão injustificável para a escolha que ela considerava acertada.
Por sorte o elevador chegou e eu entrei fumegante, sendo que a vontade maior era ter ficado para ouvir o desenrolar da história. 
Penso eu que todo motivo que nos leva pela primeira vez a uma carteira de curso superior é errado. Antes da estréia acadêmica, é impossível saber se aquilo é o que realmente queremos para a vida. O que me admirou, acima de tudo na conversa acima transcrita, era a discrepância entre as áreas escolhidas pela menina. Logo, ela poderia ter dito que queria fazer qualquer coisa, já que a dúvida parecia ter permanecido com ela. Mas não tem jeito, todo jornalista que se preza fica muito azedo quando ouve alguém dizer que quer seguir a profissão porque "Fala muito". Porra, o Tite deveria ser Jornalista então.
Jornalismo em essência é mais ouvir do que falar. Acho que essa imagem vem por causa dos locutores de rádio ou dos ancoras de telejornal. Mas o engraçado é que, para as duas carreiras que citei, eles não falam muito, eles reproduzem muito. Quem fala muito é flanelinha, tentando convencer que guardar o carro com ele é um bom negócio. Vendedor fala muito, que é pra convencer o consumidor que o produto que ele tem é melhor que o encontrado em outros estabelecimentos. Feirante fala muito também, porque não pode levar mercadoria pra casa porque certamente vai estragar. O cara da Tecpix fala demais, opa, mas esse fala porque é chato mesmo.
Eu não sei dizer exatamente porque escolhi Jornalismo para a vida, mas como prefiro dizer, ele quem me escolheu. No começo foi tudo incrível, era um jogo de descobertas que eu nunca havia sentido. Mas depois fui despontando, isso é aptidão, não opção.
Mas isso também é mutável. Como disse, entrei na Faculdade de Jornalismo porque Ciências sociais não tinha na minha cidade. Gostava de política, de escrever, de debater e queria algo que me colocasse no trilho. Primeiro semestre foi aquela paixão, realmente Jornalismo atendia minha ânsia profissional. Destino futuro era Brasília, caminho definido desde o vestibular. Depois de um, dois, três anos fui descobrindo  que mudar é a parte mais saudável do processo de formação. Hoje eu aprendi a vivenciar os setores da comunicação e gostar mais deles. Hoje o mundo multimídia agrada mais ao meu currículo do que especular um sistema já falido. Ainda prefiro o impresso, mas não pra ser repórter, pra ser Ombudsman, responsabilidade dobra. E nisso, Brasilia foi ficando longe, mas o mundo se aproximou. 
Não quero viver de microfone porque eu "falo muito", quero viver de internet porque "amplia muito". Entende?
Ficar entre Biológicas, Administração e Jornalismo, não é o mesmo que ficar entre Comunicação, Áudio Visual e Relações públicas. É preciso que as áreas comunguem entre si. Não é possível que você esteja em dúvida quanto ao que realmente gosta. Ou será que estou falando muito?

@gi_cabral é aspirante a muita coisa e é sarna na maioria das vezes (pelo menos para o que diz respeito a profissão).


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