"Na idade em que estou, aparecem os tiques e as manias..."
E hoje foi um dia
daqueles.
E quando digo “daqueles” significa o que de mais urgente,
explícito, exagerado e verdadeiro há embutido no "sentido literal". Daqueles de
esquecer no banheiro do bar, ralo abaixo, descarga abaixo.
E foi uma caralhada
de motivos que deixou tudo assim...mais daquele jeito.
E eu só estava disposta a conversar desde que o assunto viesse
confirmar ainda mais minha teoria de que a vida e a humanidade deram errado.
E pra tentar remediar, saí na hora marcada e bebi aquela cerveja extra que
sempre fica no congelador. Meu time perdeu, eu sei, e com isso a gravidade do
problema aumentou em 300%.
Lembrei do Paulo, saudoso Paulo. Esse sempre vai ser o
melhor amigo pra essas horas - não que ele seja ruim nas outras horas apontadas
pelo ponteiro do relógio, mas nessas ele sempre foi o melhor mestre de
cerimônias.
Acontece que o Paulo jamais me deixaria sofrer um perrengue
sozinha, porque ele mesmo dizia que momentos ruins pedem doses duplas. Mas o engraçado é que ele nunca deixou de beber doses
duplas e isso sempre me deixava refletindo sobre o verdadeiro sentido das
filosofias de bar.
E nessas reflexões, utilizando o Paulo de esteio, foi que me
lembrei que dia desses estava relendo um texto que escrevi falando que a melancolia rende ótimas análises textuais.
Não que eu as prefira, já que não ganho nada com elas, mas é
verdade. O que sinto hoje não é desanimo, nem cansaço, nem dor. É tristeza,
sabe? Você já se sentiu assim? Ou ainda, como no meu caso, de conhecer tanto ao ponto de saber exatamente quando ela
aparece para uma visita?
Essas visitas, inclusive, pedem mais que minha atenção. Esses
momentos mostram que de generosa nessa vida só mesmo aquela dose. E que a
generosidade ataque mais vezes, se for o caso.
E não há remédio para curar essas tristeza, há apenas um
tratamento. Play no Journey, óculos e lenços de papel, e o mais importante: uma
tela do word em branco, que a essa altura já está totalmente preenchida com
meus devaneios.
Sim, eu estou absurdamente fadada ao Steve Perry esta noite.
Ah, se eu tivesse aquele cabelo dele dos anos 80 eu estaria bem melhor. Se bem
que agora sou adepta da falta de cabelo. Mas que droga! Quer dizer que nem isso
melhoraria esse dia? Que sina, hein Paulo!
Retomo para mais uma sessão com o mesmo peso nos ombros e
os mesmos olhos vazios, daqueles que esquecemos em comandas nos bares de
qualquer esquina. Daqueles bares que entramos num dia daqueles.
@gi_cabral arrisca mais um verso futuramente perdido em arquivos .docx ou em fileiras de guardanapos.
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