"Não dá para controlar, não dá. Não dá pra planejar."
(Rádio Blá - Lobão)
Eu detesto a ideia de ter
que voltar naquele assunto batido sobre planejamento. Não gosto de voltar porque reconheço mesmo sem querer querendo que ele tem seu valor. Planejar é
o ato de elencar três ou quatro alternativas para alguma coisa que sabemos que vai dar errado de primeira. Se você não confia muito na oportunidade,
certamente vai fazer de tudo para arquitetar outras mais.
Pois
bem. O planejamento é fundamental para qualquer rotina profissional,
educacional ou governamental. Esse pessoal vive de metas e de setores que
precisam ser atendidos. Mas quando falamos em planejar, a impressão de que
"precisa dar certo de um jeito ou de outro" torna tudo mais apreensivo, pelo
menos pra mim.
Vou confessar que caso tivesse tombado no caminho da publicidade, a área de “planejamento”
seria minha última opção. Orra, lidar com hipóteses te transforma num
otimista de laboratório, alguém que reza sem ter um santo que ampare.
Quem quer ser salvo?
Repare
que para cada ação que você planeja, o faz com a intenção de burlar o esquema.
Por exemplo: "planejo ler um livro por dia durante um mês", mas na
minha cabeça está "se eu não conseguir ler um por dia, pego um final de
semana e leio cinco de uma vez". Realidade.
Quando
a maioria planeja uma viagem, por exemplo, com dois meses de antecedência, a história fica mais
mecânica que proveitosa. Acumula-se o medo do atraso e chegam três horas antes do previsto no aeroporto, a identidade desaparece, o sol da praia não ajuda, a neve derrete, o
aquecimento global está contra você, os metroviários estão em greve, pagou excesso de bagagem e não usou metade do que tinha na mala. A tensão
te toma o tempo. No final, tudo que você esquematizou vira uma grande ponte
para o conformismo. O que der certo deu e no fim a gente vê o que sobrou.
Sempre
digo que planejar não estava no meu manual de instruções. Quando muito eu
organizo as coisas de um jeito que eu me sinta a vontade para fazer ajustes. Tudo
que eu eventualmente “planejei”, mais cedo ou mais tarde degringolou, como você
pode verificar neste episódio.
Outro exemplo recente é minha ida ao Youpix em São Paulo, um dos maiores festivais de Social
Media do país. Desde fevereiro eu penso em ir, já que ele ocorre tradicionalmente no inicio do segundo semestre. Meses de expectativa, uma das primeiras a fazer
a inscrição, cheguei a ganhar até uns cartões de visita por isso. Fiquei inflamando
o assunto no ouvido de meia dúvida de pessoas, fui divulgando. E na semana que
antecedeu o festival: CATÁSTROFE!
Uma
reunião de trabalho que foi remanejada para um dos dia do evento (em que eu
tinha que estar presente) somados a um treinamento fora da cidade de quatro dias que me
impediriam de tirar outros três para acompanhar o festival. Fiquei tão
incomodada #chatiada de perder o
Youpix porra, é anual né que só
acompanhei pelo twitter e algumas das exibições ao vivo marotamente.
É sério, lembra da
história do contra-conselho? Então, planeje menos e fique mais solta para
aproveitar as coisas. A expectativa MATA o aproveitamento. Do que vale planejar
se as melhores coisas da vida são inesperadas?
Ah,
se ano que vem vou pro Youpix? Não sei, chegando na véspera a gente vê!
@gi_cabral
é organizada em termos, queria muito ter conhecido a Rosana Hermann e nunca
mais quer ser vítima das circunstâncias.
0 comentários