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quinta-feira, 15 de março de 2012


Nos últimos meses, tenho notado a presença de uma frase curiosa que vive pipocando nas telas dos assíduos em redes sociais. Todos os dias, quando são noticiadas as catástrofes tradicionais, sejam elas ligadas a corrupção, criminalidade, injustiças, desigualdade e afins, sempre tem alguém que lança a seguinte frase “esse é o país que vai sediar a copa?”. Pois é, a pergunta muitas vezes fica sem resposta e no outro dia aparece mais um cidadão pra repetir a proeza.
Eu não quero discutir já discutindo qual país deveríamos ser/ter para sediar algum evento dessa magnitude. Conhecido como país do futebol, acho válido que tenha essa oportunidade de receber as seleções do mundo para que eu possa ver a Squadra Azzurra de pertinho.
Me peguei na seguinte questão: copa do mundo até vai, mas Olimpíadas é querer demais, né? Foi nessa hora que me lembrei de um texto que escrevi há algum tempo e que reflete minha opinião sobre o assunto “Olimpíadas”. Poucas pessoas leram esse texto quando ele foi escrito, logo acho que justifica a publicação. Vamos a ele? 

Assoreando Rio 2016

       Não foi apenas a beleza que salta aos olhos do Rio de Janeiro ou o longo discurso emocionado de Lula que garantiu ao Brasil a nomeação de país sede das Olimpíadas 2016. Pessimismo ou não, apenas visual não é o bastante para convencer o que a falta de investimentos adequados, um governo com muitas pretensões e a exclusão de questões sociais podem fazer com nossa realidade turva, que, diga-se de passagem, assola nossa nação intumescida. 
Como bem se sabe belas introduções nem sempre rendem boas histórias e em conseqüência belas propagandas nem sempre remeter a bons produtos. Do que adiantaria maquiar o país para agradar a um grupo de jurados do Comitê Internacional e nada realizar para impressionar sua própria população?
Envaidecidos, governantes das três esferas do poder rasgam seu belo domínio da língua inglesa, para defender a ‘cidade-maravilhosa’, quando por diversas vezes nem uma frase proferem para explicações sobre denúncias, fraudes e escândalos descabidos. Ou quando se manifestam, o fazem com desvalia, sem nexo algum. 
Dar um passo maior que nossas possibilidades não é um ato muito inteligente. O então presidente Luis Inácio Lula da Silva, não mediu esforços para este feito. Será que como o Presidente Vargas , ele vai voltar depois em um novo mandato para levar os créditos do planejamento? Como bom patriota ele só quer evidenciar o nome de sua terra mas por enquanto, uma copa do mundo em 2014 já estaria de bom tamanho.
Culparam Barack Obama por não estar entusiasmado com a candidatura de Chicago. Pobre presidente americano, que preocupado com a restauração da imagem de um país degradado em setores fundamentais, mal pode dedicar-se a uma programação fora de seu plano de governo. 
Tudo bem, o Brasil será a sede. Nada se pode fazer e nem por isso a torcida será menor seja pelo sucesso do governo em planejar sabiamente essa mega-estrutura ou pelo bom desempenho dos atletas. O mais absurdo nesse aspecto é lembrar da praia de Copacabana cheia de gente com o rosto pintado, aguardando o anúncio oficial (que de fato presenteou o Brasil com a nomeação) e saber que nenhum daqueles ‘nobres cidadãos’ são capazes de sair as ruas, com o mesmo entusiasmo para reivindicar melhores condições de vida. 
Brasileiros: os primeiros a falar mal pelos cantos perante as corrupções do mundo e ainda conseguem ser os primeiros a tapar os olhos quando ganham algum tipo de festa. Tudo por um holofote seria a frase adequada para ser inserida à nossa bandeira. 
 “Brasileiros e brasileiras”, vamos lutar pela sede das Olimpíadas ser um verdadeiro sucesso no Rio de Janeiro. Vamos comemorar antecipadamente estes gastos futuros. Vamos manter essa brasilidade que consiste sempre em duas coisas: gritar nas horas impróprias e lutar insistentemente pelas bandeiras erradas.

@gi_cabral é aspirante a ativista, a ovelha negra e não gosta nadinha da logomarca dos Jogos Olímpicos do Brasil (foto acima).



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