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segunda-feira, 15 de outubro de 2012



"E paira no ar o eterno mistério dessa necessidade da recriação das coisas em imagens, para terem mais vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida."
Mário Quintana - Pausa.

Meu relacionamento com a Literatura tem melhorado a cada dia que passa, tanto que tem me causado constante surpresa. Desde a Era medieval, passando pela Clássica, Romântica, Moderna, de Cordel, Filosófica, Antropofágica, ou seja, toda Literatura que houver nessa vida, com alguma Gramática pra dar garantia. O primeiro despontar de interesse atual, veio com o texto da Semana de Arte Moderna. Tentei com aquela análise simplória, verificar se hoje em dia temos semanas com tanto grau de relevância quanto aquela de 1922.
Engraçado pensar que antigamente as pessoas estavam descobrindo coisas, e que hoje elas adaptam coisas. Mas será que isso quer dizer que a cultura não vem se inovado, ou melhor, que ela perdeu seu  verdadeiro sentido?

"Quando pouso os óculos sobre a mesa para uma pausa na leitura de coisas feitas, ou na feitura de minhas próprias coisas, surpreendo-me a indagar com que se parecem os óculos sobre a mesa..."

Até onde eu estudei ou pude ler sobre o assunto, a Literatura tem registros até a 3ª Geração Modernista, esta mesmo, filhas da Semana de Arte Moderna citada acima.  Essa que é considerada a última fase da Literatura, pelo menos brasileira, vai até Dalton Trevisan, Ferreira Gullar, Clarice Lispector e João Cabral de Mello Neto. Muitos que talvez ninguém se lembre de pronto, comparados a Camões, Mário de Andrade ou Drummond, grandes representantes de suas respectivas épocas. Salvando, é claro, Lispector, que muitos sabem quem é por razão de suas frases jogadas fora do contexto no Facebook. Mas enfim, minha dúvida majoritária é: se a 3ª Geração Modernista ficou presa nos anos 70, desde então, não houvera mais construções poéticas dignas de continuidade da milenar linha do tempo da Literatura? De 40 anos pra cá, não foram registradas mudanças de métricas, de estilos, de construções de parágrafos, de rima? A informatização não trouxe consigo um novo paradigma, abrindo os expoentes como projetavam os modernistas no inicio do século? Não há uma nova literatura?

Será que um dia saberemos?

Antigamente um pequeno grupo falava para poucos interessados. Depois de um tempo, poucos falavam para muitos, hoje muitos falam para uma fatia social ainda maior que não se interessa em ouvir. A riqueza da Literatura não é um tesouro egípcio preso a uma pirâmide cuja continuidade foi interrompida por egoísmo de seu proprietário. Ela nem mesmo é temporal, ela é evolutiva. Muitas coisas da área de informática são substituídas, melhoradas, mas em contrapartida deixam de existir, assim como os disquetes, que deram lugar ao CD, que deu lugar ao pen drive, substituído pelo cartão SD, micro SD, que fora transportado para a nuvem. Os meios literários foram melhorando a cada passo, sem exterminar a contribuição anterior.
Tenho visto poesias construídas de maneira diferente de tudo que eu já havia visto sobre regras. E isso pode ser um novo formato, a nova veia, e o que vem para acrescentar um novo capítulo aos livros escolares. Se hoje em dia nós construímos nossa própria cultura, porque temos que deixar alguns setores em déficit. Façamos por onde. A produção de conteúdo vive em pauta, e a pauta do conteúdo, quem é que produz?

@gi_cabral escreve torto por linhas retas, não tem licença poética, mas é aspirante a uma cadeira na Academia Brasileira de sopa de Letras.

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